Objetivo da proposta:
O
reconhecimento do aluno como pessoa e suas características físicas, que o
diferem dos demais amigos;
o respeito às
diferenças.
Quem são os participantes?
A mediação
pedagógica aconteceu na E.E. Prof Eduardo Ramos Esquível, cujos envolvidos na
intervenção são: o aluno Lucas da Silva Ganguzo, matriculado regularmente na 6ª
série/ 7º ano E, do Ensino Fundamental e o Prof Rafael Assis Campos, responsável
pela mediação pedagógica no âmbito do AEE (atendimento educacional
especializado).
Desenvolvimento da atividade
Na intervenção de caráter pedagógico, optei
por trabalhar com os conceitos do psicólogo romeno Reuven Feuerstein, cujos
objetivos se organizam de modo sistematizado para o sucesso e garantia da
aprendizagem do aluno, frente ao objeto de estudo.
A mediação
levou em conta às peculiaridades do aluno, isto é, a deficiência intelectual e
baseou-se, também, no conceito de plasticidade cerebral, visto que todo
indivíduo é capaz de aprender algo, desde que haja intervenções pontuais, que
respeitam, excepcionalmente, o ritmo de aprendizagem do referido aluno,
mediante a uma situação de desafio e estímulo constante.
Sendo assim,
a mediação consistiu-se em:
Primeiro passo:
Intencionalidade e reciprocidade: os recortes de partes do corpo, devidamente,
pintados, em forma figuras recortadas são apresentados ao aluno e questionado a
ele, se tem idéia do que elas significam. Gera-se, a partir daí, a focalização- momento em que o aluno
analisa, cuidadosamente, o objeto e, desta forma se estabelece a reciprocidade
em relação à minha intencionalidade.
Segundo passo:
Expansão ou transcendência: neste momento, eu coloquei o papel pardo
sobre a mesa e propus que montássemos uma pessoa, no entanto, esta seria o
retrato aluno e sugeri a ele que procurasse por partes do corpo, tais como:
formato dos olhos, formato de boca, contorno do rosto, que, possivelmente, se
assemelhavam às partes de seu corpo.
Perguntando
da seguinte maneira: Veja esses olhos, com qual deles você acha que os seus
olhos se parecem? E assim sucessivamente, para as demais partes do corpo, de
modo que o aluno passou a pensar sobre si mesmo, e a maneira como se percebe.
Naturalmente,
neste tipo de abordagem é importante que seja perguntado: Como? Por quê?Entre
outras perguntas que explorem o conhecimento prévio do aluno e sua percepção
sobre o assunto tratado.
Terceiro passo:
Mediação de significado: nesta etapa, eu mostro ao aluno a importância
do autoconhecimento de si mesmo e de suas características físicas, que o
diferem dos demais, por exemplo: ele tem cabelos castanhos, porém o seu amigo
tem os cabelos louros, etc.
Ressalta-se,
ainda, aqui o trabalho em relação às diferenças e o respeito a elas, invadindo,
desta maneira, os valores éticos, pois tratamos também de valores que estão
atrelados às relações interpessoais e a percepção do outro como diferente.
Quarto passo:
Mediação do sentimento de
competência: Após a
iniciativa do aluno, que procura montar o boneco, com base em suas
características e o respeito na maneira como ele se percebe no espaço, é de
extrema relevância estimulá-lo. Por isso, a cada parte do corpo escolhida e
explicada pelo aluno, isto é, o porquê escolheu o rosto oval ao quadrado;
procurei elogiá-lo com expressões do tipo: “muito bem”, “você se saiu muito
bem”, “continue assim” e, por fim: “Parabéns”!
Tais
expressões são imprescindíveis para o funcionamento cognitivo do aluno e
proporciona-lhe a sensação de progresso na execução da atividade.
Durante o
processo, o aluno apresentou dúvidas, por exemplo, em relação aos seus cabelos
e, logo, foi necessária outra abordagem.
Quinto passo:
Mediação
da regulação e controle do comportamento (auto-regulação): considerando a dificuldade do aluno em
decidir-se em relação ao tipo de cabelos, foi necessário intervir, ajustando o
seu comportamento, sem interferir em sua maneira em relação à figura que
deveria escolher. Propus a ele que se olhasse no espelho e observasse,
novamente, as opções; Por fim, ele escolheu os cabelos ondulados. Logo, minhas
palavras de estímulo: “muito bom”, deram-lhe toda a segurança de que havia
feito a escolha adequada.
Desta
maneira, trabalhamos todo o corpo do boneco- tido como retrato do aluno,
nomeamos as partes do corpo e falamos sobre a função de cada um delas e das
diferentes características que o tornam diferente e tão bonito como os demais
alunos.
Ao fim da
atividade, colamos o boneco no papel pardo; exatamente, como o aluno escolheu e
achou que deveria ser, ou seja: negro, olhos pretos, cabelos ondulados, com
dois braços e duas pernas, boca saliente e orelhas médias.
Posteriormente,
colocamos o seu nome e o expusemos para que todos pudessem apreciá-lo, do mesmo
modo como nos sentimos satisfeitos ao realizar esta atividade.
Materiais:
Cartolina
para fazer os desenhos de diferentes partes do corpo, tais como: olhos, bocas,
pernas, braços, orelhas, etc. O professor deve preparar o material e este será,
previamente, colorido pelo professor e pronto para o manuseio do aluno.
Papel pardo
cuja finalidade será de painel para a montagem do boneco.
Espelho
(acessório), de modo que o aluno possa se observar diante dele e deve ser
utilizado como último recurso.
Fita adesiva
para afixar o cartaz pronto.
Canetinhas
para a identificação do aluno, série, escola, etc.
Tempo:
2 aulas
Todos os
passos realizados nesta atividade seguem os pressupostos descritos pelo
psicólogo romeno Reuven Feuerstein, que serviu, apenas, como fonte de pesquisa
para sistematizar a atividade proposta e a mediação pedagógica.
Bibliografia
VECTORE.
Célia Drª. DECHICHI. Claudia. Drª FERREIRA. Madureira Juliene Ms.Mediação
pedagógica como estratégia de atuação junto a alunos do AEE. UFU, 2010.
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